18.6.08

Matérias e reportagens


Estadão

Reciclagem cria emprego em Pindamonhangaba


Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
Terça-feira, 23 de outubro de 2007, 1º caderno, página A16.

Cleyton Carlos Torres

“É com três fins básicos que trabalhamos com a coleta seletiva: preservar o meio ambiente, criar emprego e fazer o nosso papel social.” Com essa filosofia, André Almeida, de 33 anos, coordena há 5 anos o centro de coleta, separação e distribuição de resíduos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, a 150 quilômetros de São Paulo.

O centro de reciclagem, que funciona há 8 anos, emprega dez trabalhadores, sendo três no caminhão de coleta mantido pela prefeitura da cidade e sete na separação dos resíduos. “Todos os funcionários são registrados, possuem carteira assinada e recebem um salário mínimo por mês”, afirma Almeida. “Acho muito importante o trabalho deles, porque geralmente são pessoas muito carentes. Além do emprego registrado, elas têm de volta a dignidade perdida.”

Entre esses selecionadores de sucata, como são registrados, está Aparecida Rangel, de 60 anos, que há 4 encontrou na reciclagem de papel uma forma de aumentar a renda familiar para manter os 12 filhos. “Para mim, é muito importante. Além do emprego, que me ajuda a sustentar minhas crianças, retiro o lixo que ficaria na rua”, afirma Aparecida.

Segundo André Almeida, o centro recolhe diariamente 1.300 quilos de materiais sólidos, totalizando mais de 310 mil quilos de resíduos coletados por ano. Desse volume, praticamente a metade recolhida é papel (40%) – o que inclui jornais, listas telefônicas, revistas e cadernos. O preço pago pelo quilo do papel gira em torno de R$ 0,25. Todo o material recolhido é passado ao mediador, que por sua vez vai revender para as empresas os resíduos já selecionados.

O centro de reciclagem da Apae de Pindamonhangaba baseia-se no conceito de sustentabilidade, trabalhando com o tripé sociedade, meio ambiente e economia. Segundo André, o projeto visa, além de proteger o meio ambiente, recolhendo materiais sólidos, criar empregos diretos para a população local, aumentar o tempo de vida útil do aterro sanitário e conscientizar as pessoas, já que a coleta é feita de porta em porta. Todo o dinheiro que sobra dos cerca de R$ 7 mil brutos mensais é destinado à Apae para projetos sociais.

Para o secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano, as pessoas estão fazendo o seu dever de casa ambiental. “Elas compreendem realmente que é preciso fazer o reaproveitamento dos resíduos para eliminá-los da superfície.”

O secretário diz, ainda, considerar fundamental o trabalho de centros de coleta seletiva. “A consciência e a educação são o caminho do futuro. Educar as pessoas, conscientizá-las para que, assim, sejam verdadeiros cidadãos", afirma Graziano. “Quem não tem consciência e educação não consegue exercer sua cidadania planamente.”

24.4.08

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